Sempre gostei de máscaras. Não as compro, não as uso em festas de carnaval, nem tão pouco encheria uma parede da minha casa de máscaras vindas de outras partes do globo. Mas o que é certo é que quando vejo máscaras - seja em museus, em lojas de antiguidades ou naqueles tipos de lojas que normalmente estão desarrumadas e com tudo ao molho, que vendem artigos de todas as partes do mundo, e mesmo em casa de pessoas que ao contrário de mim se atrevem a enfeitar uma parede da casa com todos os tipos de expressões emocionais, diferentes côres e materiais, não consigo para de olhar. Ás vezes é como se cada máscara tivesse uma alma, uma presença, mas que não se vê realmente. Sente-se no entanto... por detrás de si mesma. É como se cada máscara escondesse algo. E no fundo é esse o significado de uma máscara - o disfarce, o esconder de uma identidade.
Máscaras têm sido usadas ao longo de todos os tempos com diferentes propósitos - lúdicos, religiosos, artísticos, como objectos de protecção, durante festejos como casamentos em certas partes do mundo e cerimónias de passagem entre a vida e a morte feitas em certas tribos africanas. Não há como não as considerar fascinantes, misteriosas... mas mesmo assim têm algo que considero assustador, talvez o aspecto de que falava antes, de me fazerem sentir que há algo que têm mas que não revelam, que há ali algo que não se vê...
Mas as máscaras que mais me assustam nem são estas, não são as máscaras que vejo em museus, em casa de colecionadores ou em lojas. As máscaras que mais me assustam são aquelas que nem damos conta existirem. Aquelas que as pessoas usam todos os dias, no dia-a-dia, e que só tiram quando regressam a casa ou estão sózinhas. As máscaras que mais me assustam são aquelas que quem as usa já nem se lembra muitas vezes de as usar, deixando escapar com o passar do tempo quem se esconde por detrás daquela máscara e acreditando cada vez mais ser-se o que a máscara mostra ao mundo. Quando os disfarces se tornam tão frequentes que definem o que se é. Quando já não se sabe quem se é, ou pior, quando já nem se quer saber.
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