28.4.10

Eddie Vedder, Rise
É tão bom quando o peso nos sai dos ombros... aquele peso que se sentia, mesmo sem se conseguir entender o porquê. Um peso que nos alertava para algo - o que Era em vez do que parecia Ser, e que parecíamos nem querer ver. Afinal, mesmo que nada esteja próximo de ser perfeito, é sempre melhor sabê-lo do que andar perdido entre ilusões. De outra maneira, como poderíamos mudar de direcção?...
Uma das coisas que sempre me fez alcançar o que queria na vida ou para mim em diferentes aspectos, é o facto de eu ser sonhadora. Acredito em coisas que o mundo à minha volta parece ter esquecido e só me sinto viva quando corro atrás delas. O acreditar em tudo o que acredito de uma forma tão apaixonada tem-me posto cara-a-cara com os melhores momentos da minha vida, mesmo aqueles que só consegui ver depois de uma tempestade passar.
Sim, sou uma sonhadora. Uma sonhadora incurável, com tudo o que isso tem de bom e de mau. E não escolheria ser de outra forma.
De todos os caminhos por onde já andei, aquele que mais gosto é o que ainda está para vir, aquele que desconheço. E quando as coisas à minha volta parecem querer impedir-me de chegar até ele, sei que mais cedo ou mais tarde acabo por fugir, por correr, por me libertar para bem longe daqui, e para mais próximo de mim.
Sinto que estou a chegar a um ponto que sempre soube que havia de chegar. Não sabia quando, nem nunca me deixei pensar muito nisso. Há coisas que acontecem, apenas quando têm que acontecer.
Pela primeira vez na vida, sinto medo do que está para vir e do caminho que quero seguir. Um medo saudável, no entanto. Não por ser desconhecido, mas por eu saber e sentir com todas as minhas forças que vai ser único. É como se todos os outros caminhos por onde andei, percursos que percorri, barreiras que quebrei e obstáculos que venci, nada mais tivessem sido do que uma preparação para o que está para vir. Mas não há medo mais forte do que eu e o meu espírito sonhador não se intimida pelo desconhecido. Nunca estive mais pronta para me libertar do que estou agora.
Coisas, pessoas, lugares, materiais, rotinas, valores, expectativas, luxos, consumismos, exageros - tudo aquilo que pode funcionar para uns, mas que faz de mim uma alma enclausurada, já esteve mais longe de ficar para trás...
"Such is the passage of time,
too fast to fold
And suddenly swallowed by signs,
low and behold
Gonna rise up,
find my direction magnetically
Gonna rise up
throw down my ace in the hole"

26.4.10

Ás vezes dou comigo a pensar: até onde era eu capaz de ír para me reencontrar?
E tantas vezes a resposta a esta pergunta não passa de uma espiral confusa que não me leva a lugar nenhum...

Hoje, no entanto, a resposta é só uma:

Vou onde quer que tu estejas.

Só desejo sentir o mesmo ámanhã...

E só desejo que ao chegar onde estás, também lá estejas para mim...




22.4.10

Se queres saber quem sou, prometo que te vou dizer



Há pessoas que nos marcam. Pessoas que existiram nas nossas vidas e, embora o tempo as tivesse levado para longe, nunca deixaram de pertencer às nossas melhores recordações.
Pessoas que nos ajudaram de alguma forma a tornar-nos no que somos hoje. Pessoas com quem crescemos e descobrimos o verdadeiro significado de palavras tão simples como amizade, cumplicidade, e mesmo amor.
Pessoas com quem passeámos de mãos dadas numa união imbatível. Pessoas com quem partilhámos os nossos primeiros segredos e fantasias. Pessoas a quem nos entregámos para o primeiro beijo das nossas vidas. Pessoas que, não importa onde tenham andado, ao longo da vida nos fizeram sorrir sempre que pensámos nelas. Pessoas das quais sempre sentimos saudades - do que éramos juntos e do que nos faziam sentir em relação à vida. Pessoas que mesmo sem tentarem nos oferecem uma melhor compreensão de nós mesmos, numa prova muito clara de que fazem parte de nós.
Existem pessoas que fazem ou fizeram parte das nossas vidas.
Existem outras - e é a estas que me refiro, que fazem parte de nós. Pessoas que nos fazem pensar, sonhar e sentir. Pessoas que têm algo que nos move, mesmo que não consigamos explicar o que é. Pessoas que se juntam a nós num reencontro forte, trazendo ao de cimo aquela magia que é a partilha das mesmas memórias. Pessoas que nos fazem recuar no tempo - de coração e alma, relembrando-nos de quem um dia fomos e de quem hoje somos.
A vida às vezes voa tão rápido que poderia ser fácil caír no erro de nos esquecermos um pouco de quem somos. Mas são estas pessoas, estes amigos, que não deixam que isso aconteça.

Estou muito feliz, e digo-o de coração.
Mas também sinto um medo em mim, e isto digo do fundo da minha alma.
(Não quero nem perceber de onde este medo vem... penso nisso quando o medo passar, um dia...)

Uma carta ao Tempo


R.E.M., Drive
Sei que antes de terminar de escrever esta carta já tu foste embora. Largas-me com uma facilidade cruel e com uma frequência cada vez maior. Queria poder agarrar-te com as minhas mãos e usar todas as minhas forças para te manter aqui, preso, sempre por perto, só meu. Mas não consigo. Não posso. És mais forte do que eu e seria estúpida em querer começar uma batalha contra ti.
Deixas-me confusa com o facto de me tirares tanta coisa para que me dês algo de novo, levas-me nas tuas palavras mansas e lentas que me manipulam depressa e me fazem perder em ti. Perco-te sempre. Perco sempre.
O teu coração bate num tic-tac tão rápido que faz com que o meu queira parar. Sinto-me cansada deste amor-ódio que existe entre nós. Mas sem ele é quase como se eu não existisse. Preciso de ti para me sentir viva, mas tu roubas a vida que há em mim.
Desafias-me diáriamente em jogos misteriosos e cheios de suspense, jogos onde o meu raciocínio nada vale. Assustas-me na forma como vês sempre os meus bluffs e sinto-me de mãos atadas.
Fico tonta por te ver a correr em espirais à minha volta. Não te cansas? De não parar quieto, de não me deixar em sossego?... Tu cansas-me!
E no entanto continuo a querer, a desejar cada vez mais, poder ter-te só para mim e sempre por perto... como era dantes. E por isso continuo a viajar contigo e através de ti. Por isso deixo que me leves seja para onde fôr que tu vás. Vou sempre contigo.
Andas sempre atrás de mim, no entanto és mais rápido e não te consigo tocar... lembraste de quando o conseguia fazer? de quando ainda andavamos lado-a-lado? Eu já me esqueci, conta-me... preciso de ouvir, de sentir e de me lembrar de como éramos quando ainda andavamos de mãos dadas.
Sei que a guerra entre nós é uma que não consigo vencer, mas nunca hei-de deixar de te desafiar nem de te encostar à parede.

21.4.10

Como grande fã de cafeína que sou e fiel consumidora diária de uns 10 cafés e de mais umas tantas Coca-Colas (the best f###### drink in the world!), este artigo despertou a minha atenção e curiosidade num nervosismo miudínho e bom causado pela cafeína que já tinha bebido nessa manhã, e depois de ler o artigo, enquanto me dirigia à máquina de café expresso que tenho em casa para tirar mais um, pensei com um estranho alívio: "Isto explica o Pato Donald sentado no meu sofá, a olhar para mim com cara de parvo já há 45 minutos!..."

(numa manhã de Março)
Alguém me consegue explicar o que leva tanta gente a expôr as suas vidas num programa de televisão? Parece que a quantidade de "reality shows" continua a crescer e o nível destes a baixar. Aqui na Holanda este tipo de programas invadiu todos os canais televisivos, o que me faz sentir cada vez mais grata pela minha estante de livros, a minha colecção de dvd's e a minha música!
Casamentos, receber ajuda financeira, fazer uma plástica ao nariz, resolver problemas sexuais, fazer uma desintoxicação de heroína em casa e a frio (não estou a gozar!) e até dar à luz, são alguns dos momentos nas vidas de tantas pessoas que são expostos de uma forma tão barata e feia que me deixa de boca aberta. Porque será que alguém se sujeita a tal exposição e o que será que os leva a querer aparecer na televisão dessa maneira? Será que as suas vidas são assim tão vazias que deixarem-se filmar durante momentos tão privados é o único consolo que têm para a solidão? Será que estes programas oferecem tanto dinheiro em troca destes momentos que é impossível dizer não? Infelizmente, tenho um feeling muito grande de que a maioria destas pessoas não recebe dinheiro nenhum, e se calhar até paga para aparecer na televisão! Ontém à noite apresentaram um novo conceito para um programa de televisão que traduzido à letra se chama: "Guerra de vizinhos", um programa que visita casas de pessoas que tenham problemas por resolver com os seus vizinhos, explora a natureza desses conflictos e, como as pessoas fazem tudo para aparecer em momentos bonitos na televisão, farão as pazes com direito a lágrimas e tudo!
Agora expliquem-me por favor, porque hoje estou um pouco lenta, porque será que estes programas de televisão continuam não só a ter quem participe neles, mas uma audiência que cresce de dia para dia e abrange todas as idades?
Ainda me lembro dos tempos em que a única forma de exposição televisiva acontecia durante reportagens de telejornais, em que se via um fulano atrás do jornalista a saltar, a passar de um lado para o outro, a esticar o pescoço, enfim, a fazer de tudo para aparecer em plano!

20.4.10

Uma tempestade que já passou

Sinto a minha cabeça a explodir de confusão, insegurança, medo... uma explosão dolorosa que parece partir-me a mente em mil pedacinhos. Não consigo controlar os meus sentimentos, mas também não sou suficientemente forte para os deixar de lado. Passo do riso às lágrimas mais depressa que um piscar de olhos e ambos manifestam-se num descontrolo que me causa vergonha e pena de mim mesma. Gostava de saber como lidar com a vida, mas não sei. Gostava de conseguir lidar comigo mesma, mas não encontro novas maneiras para tentar fazê-lo. Gostava de acreditar que no futuro vai ser mais fácil, mas não vejo nenhuma luzinha de esperança para o que sinto no fim do tunel. Este estado depressivo já dura há tanto tempo que receio chegar a um ponto em que mesmo que venha a saber o que fazer, já nem me importe. É como se a minha mente e a minha alma fossem duas estranhas para mim. Parece que está outra pessoa qualquer a viver a minha vida, a habitar o meu corpo, a desperdiçar o meu tempo, e eu nada mais posso fazer do que assistir. O meu único instinto é o de defesa, e por isso ponho uma máscara todos os dias, mas até esta começa a tornar-se cada vez mais pesada para carregar.
E é por isso que estou aqui, agora, a despir-me de todos os meus medos e a mostrar o que a máscara esconde. Uma menina assustada com o coração partido em mil pedaços.

(2008)

19.4.10

Primeiras impressões

Durante um encontro de domingo com amigos veio à conversa o quando e como nos conhecemos e, no seguimento dessa conversa, voltei a ouvir: "Adoro-te, mas quando te conheci achei-te arrogante e nem simpatizei contigo." Já ouvi estas palavras tantas vezes que perdi a conta e só me dão vontade de rir. Sei que vêm de pessoas que são minhas amigas de verdade e que gostam de mim por tudo o que sou. Mas a verdade é que às vezes me deixam a pensar na razão pela qual tantas pessoas não gostam de mim à primeira vista... não sou daquelas pessoas que precise de agradar e que tenha necessidade que me aceitem ou gostem de mim, mas fico curiosa, porque nunca me conseguem explicar o porquê.
Será o meu olhar que não conseguem ler? Será a minha frontalidade? Ou será o meu sentido de humor negro e sarcasmo? Será talvez o facto de conseguirem ver em mim uma indiferença em relação ao que pensam de mim e o facto de também eu não gostar rápidamente de qualquer pessoa? Será a minha maneira de falar ou de estar? Ou será que sou daquelas pessoas com uma voz ou riso irritantes?...
Sei que é um facto - a maioria das pessoas com as quais me relaciono melhor hoje em dia não gostaram de mim quando me conheceram. Pelo menos é o que me disseram, todas elas. Mas quando lhes pergunto porquê, não me conseguem dizer mais do que: "Não sei bem... é qualquer coisa em ti...!" (agradeço a boa explicação, e eu que estava com receio que fossem ser pouco específicos!)
O mais curioso de tudo isto é o facto de o grau de antipatia em relação a mim ao me conhecerem estar directamente ligado ao quanto as pessoas se tornaram minhas amigas com o passar do tempo. A experiência tem-me ensinado o seguinte: pessoas que gostem muito de mim no início acabam por desaparecer muito depressa da minha vida, por minha escolha ou por escolha delas, e pessoas que não gostem de mim ou me achem arrogante e "estranha" ao me conhecerem, são pessoas com as quais acabo por vír a ter uma amizade sólida e muito especial. Bom, olhando para isto com algum optimismo, até podia querer dizer que tenho muitos amigos. Mas até isto parece ser diferente do que à primeira vista aparenta. Parece que a vida usa por vezes uma matemática misteriosa, quem sabe para criar algum equilíbrio entre as coisas ou só para nos chatear, mas quantos mais aninhos tenho em cima, menos são os amigos à minha volta. O que vale é a minha certeza cada vez maior de que quanto menor esse número de amigos é, melhor eles são e maior é a amizade e cumplicidade entre nós!

16.4.10

Para os amigos que me chamam "holandesa"...

Hoje acordei com saudades. Saudades do que já fui e de tudo que ficou para trás. Saudades de dormir até ao meio-dia sem sentimentos de culpa por tamanho desperdício de tempo. Saudades de caminhar para a escola com aquela ansiedade boa por saber que vou ver o rapaz de quem gosto. Saudades de não ter pressa de nada, mas de querer viver depressa. Saudades de sentir medo do desconhecido. Saudades de me sentir nervosa para um teste para o qual não estudei o suficiente. Saudades de fumar às escondidas. Saudades de brincar na rua até anoitecer. Saudades de desafiar perigos. Saudades de não ter que pensar em contas que têm que ser pagas. Saudades do luxo que é receber uma mesada. Saudades de comer o que quero sem que o ponteiro da balança saia do sítio. Saudades de uma pele rozada e macia. Saudades de me deitar tarde sem que no dia seguinte me sinta como se tivesse 30 tijolos em cima da cabeça. Saudades de comprar livros, blocos, canetas e estojos em preparação para o ano escolar. Saudades de sentir medo ao ver um filme de terror. Saudades de faltar às aulas para passar ainda mais tempo com os meus amigos. Saudades de não entender o mundo dos adultos. Saudades de me sentir incompreendida. Saudades de passar férias num destino distante com os meus pais e irmã. Saudades de não me agasalhar no inverno e não me constipar. Saudades de beijar alguém pela primeira vez. Saudades dos 3 meses de férias de verão passados a brincar e a sonhar. Saudades de não ter a noção do tempo e de cada dia parecer durar 72 horas. Saudades de não saber mais do que aquilo que sabia. Saudades de ainda não ter crescido. Saudades de não compreender os meus pais. Saudades de não querer voltar atrás. Saudades de me colocar em situações de risco. Saudades de não saber sequer o que saudades são!
Hoje acordei com saudades. Saudades do que já fui e de tudo que ficou para trás. Sou portuguesa. Muitos anos na Holanda não mudaram isso. Já não há dúvidas, pois não?

14.4.10

Desapareci do mapa (blogosférico) há pouco mais de 100 dias. Tamanha ausência não estava nos meus planos, mas ás vezes é assim que as coisas acontecem. Durante este período de tempo fui recebendo mensagens e mails de amigos e seguidores do meu blog - algumas a manifestarem preocupação, outras de protesto (estas surpreenderam-me e lisongiaram-me ao mesmo tempo) e umas poucas a gozarem comigo por ter deixado um último post em Dezembro intitulado "Até 2010!". (claro que 2010 tem 12 meses, por isso não quebrei nenhuma promessa!).

Para não se queixarem mais de que não sabem por onde ando ou o que ando a fazer, aqui vai um update do que fiz nos passados meses:

- fui uma vez a Portugal
- vi o Avatar 4 vezes, The Road 3 e Alice 2
- aluguei 10 filmes e fiz um download de outros tantos
- escrevi 4 cartas
- li 5 livros
- desesperei até às lágrimas com o meu trabalho para no dia seguinte me rir
- cantei os Parabéns em holandês 2 vezes
- emocionei-me com os primeiros sinais da primavera (gozem à vontade, mas se passassem por um inverno holandês sentiam o mesmo!)
- tive um ataque epilético (é o que faz esquecer-me do medicamento...)
- recebi a notícia de 2 mortes
- recebi a notícia de 3 nascimentos
- reencontrei 6 pessoas do meu passado
- tive uma discussão com o Jules
- voltei a fumar
- deixei de fumar outra vez
- voltei a fumar (to be continued...)
- quebrei 2 promessas
- senti saudades de uma pessoa quase todos os dias
- viciei-me ainda mais no Facebook e no Farmville
- escrevi 18 textos que não publiquei (ainda)
- deixei de roer as unhas
- voltei a roer as unhas (to be continued)
- puz em prática o ditado "deitar cedo e cedo erguer" (crescer já não cresço, mas que me sinto bem e saudável isso sinto!)
- comprei um aspirador novo
- engordei 3 quilos
- fui a 2 concertos
- planeei as minhas férias de verão
- cantei os parabéns aos meus cães e à minha gata (sim, riam-se à vontade...)
- mostrei sorrisos amarelos sempre que me perguntaram "então e o casamento, é para quando?"
- nem me esforcei para sorrir forçadamente ao ouvir o comentário "então e filhos?... já está na altura não?"
- bebi 115 litros de Coca-Cola (já sabem de onde os 3 quilos vêm...)
- repensei a minha vida e fiz alguns planos a curto e longo prazo (não, deixar de beber Coca-Cola não é um deles!)

It's nice to be back!