22.10.09

Amigos...


(photo by PiXie)
Quando era mais nova achava ter 1 milhão de amigos e acreditava seguramente que eles iriam fazer parte da minha vida para sempre. Com o passar do tempo e o crescer, a vida ensinou-me a aceitar o facto desse grupo de amigos se ter reduzido a um grupinho mais pequenino. Mas com o passar dos anos também vi, senti, e aprendi mais uma vez que são poucos, mas bons (um cliché, eu sei). E foi a esses amigos que recorri quando mais precisei, foram esses amigos que sem colocarem questões me limparam lágrimas do rosto, foi para eles que sempre estive pronta a qualquer hora ou em qualquer lugar.
Mas o que faço agora, um pouco mais velha ainda, quando esse grupinho se começa a revelar ainda mais pequenino? Assusto-me com a ideia de sobrarem tão poucos e consolo-me com o tal cliché "poucos, mas bons".
A palavra "amigo" já não sai da minha boca com a mesma facilidade e rapidez que antes, e o próprio sentir amizade por alguém leva mais do que um "olá, bom dia, tudo bem?". Aceito isso, já aceitei desde que deixei de ter 18 anos. Mas o que fazer agora que já passei dos 30 e começo a repensar nos amigos que sobraram e que achava definitivamente que fossem para a vida e começo a sentir que me estão a faltar - pior: a falhar? Não consigo aceitar...
Ser amigo é estar-se presente para o outro, mesmo quando isso não convém, é deixar coisas de nós para trás para colocar as necessidades do outro em frente das nossas, é estar pronto para dar apoio sem que seja preciso pedirem-nos, é ser-se sensível aos sentimentos do outro, é mostar-se o que se sente, é dizer-se que se gosta e se é amigo em vez de se partir sempre do pricípio que o outro já o sabe, é manter os olhos abertos e estar-se presente de alguma forma, é pensar-se no outro, é ter-se atenções, é valorisar, é sentir e mostar interesse pela vida do outro, é cultivar-se a amizade que se partilha com o outro e não deixar apenas um dos lados fazê-lo...
Sinceramente, tirando duas amigas do peito que tenho na minha vida ("irmãs", como costumamos carinhosamente dizer) e dois reencontros especiais que tive recentemente com duas pessoas do meu passado, mas com quem sinto ainda aquela ligação, entendimento e cumplicidade forte de antes, sinto que o resto me está a falhar em grande. Onde estão eles? Onde estão respostas aos meus telefonemas ou e-mails? Onde estão mensagens recíprocas de interesse, saudade e dedicação? Amigos nunca nos deviam fazer sentir sózinhos.
... Ou será que sou eu que estou a complicar muito hoje?

12 comentários:

  1. Não me parece complicação nenhuma :)
    Concordo inteiramente com o que escreveste.
    A amizade é uma estrada de dois sentidos...(não me lembro onde li isto, mas fixei porque gostei muito e concordo).
    Mas que é assustador ver as pessoas a esquecerem-se do mais importante, lá isso é...
    A maturidade ensina-nos a deixar partir(por muito que nos custe...) e a abrirmo-nos a gratas e novas surpresas ;) E a serenidade vai-se implantado...pelo menos é o que sinto cada vez mais, aos quase 39, não tarda ;)
    Mas é tramado sentir que nos falharam em épocas críticas ou até de maior alegria...
    Mantém a esperança e o coração aberto como até aqui...irás descobrir novos amigos, tenho a certeza...:)

    Beijinhos :)

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  2. Anónimo22.10.09

    não, não estás. as vezes temos amigos mas eles não sabem ser, ou esquecem-se de o ser, por mais k gostem de nos... pk a preguiça, a falta de tempo e o deixar para amanhã, acabam por fazer com que a distancia se instale.
    os amigos sao raros, e como tb têm a sua propria vida, nem sempre têm tempo para nós...e por vezes lá calha, sentirmo-nos sozinhos e não ter nenhum amigo disponivel para nos fazer sorrir.
    mas alegra-te. de certeza k os bons amigos pensam em ti!

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  3. bijzondere foto met schitterend DOF (depth of field) !

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  4. Bem curiosamente eu ando com esse "tema" dos amigos a rondar a minha cabeça ultimamente...;)e ainda ontem\hoje lol estive a falar e dizer exactamente as "mesmas" (ideias) que aqui descreves...alem de que também sei que por vezes temos dias em que queriamos mesmo muito sentirmo-nos mais..."acolhidas" por quem "supostamente" gosta de nós! nao existe uma soluçao...nem resposta, e muito menos uma maneira de resolver a "coisa". Não quer dizer que nao gostem de nós...mas muitas vezes "não dão mais" outras somos nós que estamos mais carentes, outras é mesmo porque essas pessoas nao nos interessam realmente...acho que o unico que posso partilhar contigo neste momento é o sentimento de que o mundo anda todo ao contrario, e sao poucas as pessoas que fazem realmente alguma coisa seria nas relaçoes mas isso sao outros 500!;) somos todos faliveis, mas nao somos todos corruptiveis....ok é melhor parar por aqui senao escrevo um "post" como resposta lol :P mas isto é daquelas que dava uma bela noite de conversa, aconpanhada por um belo vinho ehehe ;)

    Bjs do outro lado

    P.S. um abraço de saudades da Ursa Maior ;)

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  5. Presépio, resumiste bem o que sinto quando disseste "é assustador ver as pessoas esquecerem-se do mais importante"...

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  6. HannaH, é exactamente essa preguiça para demonstrar gestos de amizade que me incomoda cada vez mais no mundo em meu redor. Nem sou uma pessoa que necessite de constantes afirmações do que sentem por mim nem de atenção, mas há um limite para tudo acho...

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  7. Ah Alice... ao escrever este texto ontém pensei tanto em ti! :) Se há alguém que eu sei que me entende nesta matéria és tu, não só porque já falámos várias vezes disto, mas porque nos conhecemos bem demais... és uma AMIGA (irmã) e disso nunca tive dúvidas! Não me ando a sentir só, porque tal como disse os amigos que se mantêm presentes representam tudo para mim e são os que contam, mas quando se começa a reduzir o número de amigos que em tempos se podia contar com os dedos de uma mão a apenas 3 ou 4 dedinhos, aí começo a repensar e a colocar muitas coisas na balança!
    Sim, esta era pra ficar uma noite inteira em claro, sentadas no teu sofá, a partilhar um cobertor quentinho e 1 copo (prefiro de coca-cola lol)... em breve - prometo! ;)

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  8. Wim, op basis van je blog en van je eigen foto's je complimenten zijn goud waard! Dank je. (er zijn eigenlijk een aantal foto's bij mijn posts die niet van mij zijn maar nu dat ik daar aan denk zal ik zeker snel dat laten weten onderaan de foto's ;) goed dat je mij daar bewust van hebt gemaakt, ook heb je het niet geprobeerd...)
    Gr

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  9. O problema é que hoje em dia se banaliza muito a palavra amigo, chama-se Amigo com uma grande facilidade e não deveria ser assim.
    Depois à medida que crescemos vamos filtrando, ficando mais exigentes, as nossas próprias vidas vão-nos empurrando para longe e só se mantém mesmo quem importa.
    Eu posso-me gabar de ter poucos, mas bons sim e também adorei perceber que ainda te posso chamar AMIGA :)
    PS: Ainda por cima uma amiga que escreve em holandês ahahahahaha

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  10. Ana C., obrigada, obrigada ;) eheheheh! se vivesses aqui também falavas!
    Pois, a palavra "amigo" como disse é uma que deixei de vomitar a toda a hora. Sou selectiva. Sempre fui esquisitinha na escolha das pessoas à minha volta (tirando a escolha de namorados, mas isso fica para outro post! Ahahahahah!) O que sentia ontém muito vivo em mim foi um vazio profundo de alguns dos "poucos mas bons" andarem mais longe do que eu gostaria... não gosto de ser "tida como garantido"...
    Bjs Amiga! :)

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  11. A amizade, amigo, colega, cumplicidade, amor, namorado são palavras que toda a gente conhecem mas nem todos conseguem diferenciar e caracterizar. Amigos de infância, amigos de faculdade, amigos da ramboiada, amigos virtuais, amigos de interesses. Eu faço uma distinção mais fácil: amigos e colegas!
    Mas e tal como tu Raquel, eu também pertenço à nova geração de emigrantes e e isso obrigou-me a fazer escolhas na vida em âmbitos tão diferentes como amor, profissão e amigos. A distância é lixada. Nem sempre os amigos são telepáticos para saber como estamos. Uns estão ocupados no novo papel de ser pai, ser esposa em arranjar novo emprego e isso pode criar uma suposta falta de interesse. Mas tive as minhas desilusões, perdi amizades, outras ficaram mais fracas mas os verdadeiros, os essenciais para o meu bem estar psicológico ainda estão presentes. O viver um novo capítulo na vida serve também para filtrar as pessoas que nos rodeiam e isso faz-nos mais flexíveis, tolerantes e receptivos a novos contactos que irão sempre sempre sempre aparecer…
    Quem não tem amigos nada tem. É uma frase simples, curta que não deve ser lembrada apenas quando ela tem sentido. Eu tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Eu não sou do género de pessoa que expresso em palavras a necessidade que tenho em alguém, mas tento estar presente, não necessariamente fisicamente, quando necessitam de mim. A gente não faz amigos, reconhece-os e isso está à distância de um “Olá”. Se do outro lado da linha isso não acontecer, há sempre novas estradas…

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  12. Pedro, disseste tudo... e a frase com que fechaste o teu comentário fez-me ver as coisas com mais simplicidade, hoje. Porque é de facto isso mesmo - há sempre novas estradas! :)
    Bjs e 1 bom fim-de-semana!

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