What you see is what you get
(what you saw is what you got)
What you get is what you take
(what you took you won't get back... I won't go back...)
Push Your Head Towards the Air, Editors
Conhecem aquela sensação de estar no lugar certo, no momento certo, e em que tudo parece encaixar-se na perfeição? E conhecem o oposto, aquela sensação de ter estado no lugar errado, no momento errado, e em que nada parece fazer sentido? E quando uma se transforma na outra, apanhando-nos de surpresa como uma estalada no rosto?...
No começo parece ser uma coisa, com o passar do tempo cresce para outra e no final, no fim que nem queremos aceitar que tenha chegado, é tudo tão negro, tão nublado, tão escuro e feio... e porque será que existem pessoas que nos transportam do momento perfeito para o pior de todos, por puro prazer e sem o menor interesse no que isso possa representar para nós?...
Não me posso arrepender de ter sido sempre eu mesma, verdadeira, transparente. Nunca me irei desculpar por algo que só fiz de coração e alma abertos, por coisas feitas com carinho e amizade, por palavras e pensamentos partilhados com a maior das confianças e conforto. O que me causa algum arrependimento foi eu não ter deixado que o espaço que tenho dentro de mim- para outros não seja um pouco menor... ou mais selectivo? E o facto de sentir isto causa-me alguma pena... por a dôr que me fazem sentir me faça querer tornar-me em algo pior, em algo que não sou, em algo que não existe em mim. E se eu o fizer, será que deixa de doer?
Com o passar dos anos o meu grupo de amigos foi diminuindo. E ainda bem! Já disse várias vezes e volto a dizê-lo, que quanto menor esse número de amigos se foi tornando, melhores foram sendo os amigos que ficaram, que resistiram às lutas que partilhamos, aos momentos mais duros que a vida nos mostrou, aos desafios de momentos. Não os trocava por nada, mas a verdade é que também uns não substituem outros. Não existem melhores amigos que outros, apenas pessoas diferentes umas das outras. E ainda bem!
Quem me conhece sabe que uma das coisas mais importantes para mim são os meus amigos - aqueles que a distância não faz com que nada dessa amizade trema ou perca a força (até muito pelo contrário!), aqueles pelos quais sinto - independentemente das circunstâncias, que estarei lá sempre para eles por gostar deles e por valorizar a amizade que nos une, e vice-versa. Aqueles a quem posso ligar a meio da noite para falar sem ter que dar motivo, aqueles a quem posso responder a algo com o meu silêncio e ser compreendida, aqueles que não me exigem nada e me respeitam por quem sou. Aqueles que recebem de mim tudo aquilo que sou e sinto, sem reservas. Aqueles... que sabem tão bem quem são!
...
Às vezes cruzamo-nos com pessoas que nos transmitem algo que valorizamos tanto - calma, alegria, conforto, saudade, vontade de estar junto... falo de algo que também se encontra numa amizade, para ser clara e para quem possa achar que falo de algum sentimento mais profundo. (quero ser clara, pois tenho visto que o mundo anda mesmo carregado de equívocos!)
Às vezes cruzamo-nos com pessoas assim, e são esses os momentos que parecem ser em todos os aspectos um daqueles momentos certos no lugar certo, em que tanta coisa se encaixa na perfeição. Pessoas que nos fazem pensar algo do género: "tão bom ter-te (re)encontrado, pois só tenho boas recordações da época em que fomos amigos, e espero que agora - já adultos e crescidos não deixemos o tempo, a vida, seja o que fôr, afastar-nos!"
Sou daquelas pessoas que, quando algo assim acontece, mergulho de cabeça, salto sem olhar onde vou pôr os pés, dou tudo o que sinto sem pedir nada em troca e só isso - o poder dar de corpo, coração e alma, me basta... sou assim - uma sonhadora, um alvo fácil para quem não olhe para mais nada senão si mesmo, uma pessoa estupidificada e cega por tamanhas emoções que sente - por tanta coisa, por tantos lugares, por tantas pessoas erradas...
... Dou por mim a perguntar-me se também eu estou equivocada!?... Até onde pode ír uma amizade? Quando é que começa para nós e termina para outros?... Porque será que existem tantos rótulos para definir o que é aceitável dentro de uma amizade?... Nem sei se me faço entender, mas não quero ser mais específica do que isto neste momento...
Quando é que se dá demais?... Quando é que assustamos outros pelo facto de sermos tão nós mesmos, tão verdadeiros? E se só o tivermos feito por terem inspirado isso em nós?... E quando é que devemos começar a andar em bicos de pés para não incomodar o que os outros possam pensar ou sentir?... Quando é que o respeito pelos outros começa e a nossa liberdade termina?
E, uma pergunta que acho mesmo difícil: quando é que nos encheram um espacinho do coração que nem sabíamos existir, para a seguir nos arrancarem o coração do peito, inteirinho e com tudo o que o ocupa? E porquê?
A amizade tem coisas estranhas. As pessoas têm coisas estranhas. As pessoas SÃO estranhas... e todas estas coisas estranhas começam a parecer-me familiares demais. Começo a reconhecê-las em tantas coisas e em tantos lugares, e não quero! Não quero ver, não quero saber, não quero sentir, não quero pensar, não quero lembrar!
O que para mim foi amizade - em tudo o que para mim amizade (por ti) envolvia, para ti foi um jogo. Um jogo sem regras (ou só as tuas, que desde o começo guardaste para ti mesmo), um jogo falso. Um jogo fraco...
... Costumo dizer que sou o melhor de tudo o que possa ser quando tenho os melhores amigos ao meu lado. É verdade. Costumo dizer que jogo melhor contra um jogador forte. Também é verdade. E é por isto que neste jogo que tu criáste ainda não me consegui concentrar, por te teres mostrado um concorrente tão fraco.
Sinto-me perdida, mas sei que contra um jogador fraco acabo sempre por ganhar. Não dá é gozo nenhum!...
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