15.6.10

Melt, The Mission

Vejo tantas pessoas, e vejo-o tantas vezes, viverem a vida "delas", mas sem o fazerem verdadeiramente. Pessoas que parecem acomodar-se e viver a vida de outros, da forma como esses mesmos "outros" o impõem e esperam delas. Pessoas que apenas parecem estar a viver, mas que por detrás dos movimentos e acções do dia-a-dia aparentemente típicos de qualquer comum dos mortais, estão como mortas. E assim andam, entre nós, às voltas, envoltos por uma espécie de aura sem côr - uma bolha de ar... que as permite andar e mover-se entre nós, mas que no entanto as diferencia e infelizmente também as afasta e separa de nós - aqueles que se sentem vivos e que gostam delas, sem que nada delas queiram mudar, modificar, melhorar, impôr. Só gostava de as ver fora dessa bolhinha de ar que as prende e como seriam realmente se estivessem vivas a 100%! Quando se gosta de alguém assim, é impossível não nos questionarmos o quanto mais fantástico seria esse sentimento se houvesse vida - uma vida diferente, para ser mais clara, nessa pessoa.
Muitos de nós que se sentem vivos e prontos seja para o que fôr e para o que der e vier, têm um lado tantas vezes inexplicável que tende a levar-nos para essas pessoas que vivem dentro daquela aura sem côr... claro que eu sou assim, e sinto sempre uma necessidade enorme, um desejo incontrolável, de atravessar as paredes daquela bolhinha de ar que as cobre, pegar-lhes numa mão e tirá-las lá de dentro - para sempre. Sim, sou assim mesmo. É a minha cara achar sempre que posso salvar alguém de quem gosto. Mas também sei, melhor do que ninguém porque tive uma óptima escola de vida, que só se salva seja do que for quem quer ser salvo, e quem pode!
E é com este último pensamento que me despeço deste meu texto matinal. Com este pensamento e de coração quase parado, quase morto, e também ele neste momento e mais do que nunca envolto numa bolhinha de ar, que me faz andar entre tudo e todos de cabeça erguida como se nada fosse enquanto que por dentro carrego um peso no peito que chega a doer. E ao sentir e dizer tudo isto, apercebo-me do quanto parecidos somos. A minha aura também perdeu a côr...
Espero que haja alguém que veja em mim a pessoa especial e única que eu sei que sou e que sinta verdadeiramente que valerá a pena dar-me a mão, olhar-me nos olhos de uma forma em que eu saberei nesse momento que tudo ficará bem, e que me puxe para si com todas as forças... e que esse seja o momento em que esta bolhinha de ar que carrego à volta do meu coração evapore - para sempre.

(11 Junho 2010)

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