9.11.10

Distance Makes the Heart Grow IV

Burn, Jonneine Zapata
Se ela tivesse tentado pôr por palavras, adjectivos, verbos, frases, tudo o que aconteceu desde aquele beijo que ele lhe roubara há momentos atrás até ao final da noite, não conseguiria nunca. E sabia-o. E o facto de o saber e de sentir uma intensidade brutal que os unia como nunca tinha sentido antes, fê-la não querer pensar em nada. Apenas o estar ali com ele, o ser dele, a completava.
As velas já queimavam há umas horas e algumas começavam a apagar-se, deixando um cheiro a cera e a pavio queimado no ar, o que oferecia uma combinação perfeita com a temperatura da casa, a música no gira-discos, o aroma do vinho tinto e o fumo de todos os cigarros que haviam fumado juntos. Embora fumassem marcas diferentes de tabaco, sempre que acenderam um cigarro, partilharam-no e fumaram-no a dois. Um gesto natural, como se o fizessem há anos!
Ele puxou-a para mais perto de si pela cintura e beijou-a novamente, desta vez com uma determinação maior à qual ela não argumentou. Limitou-se a deixar os seus braços caídos e inclinar ligeiramente o pescoço para trás, num sinal de entrega completa.
Quando não se ouve mais nada para além do bater do coração dentro do peito e a própria respiração, quando não se consegue pensar por tanto se sentir ao mesmo tempo, quando se sente tão vulnerável de prazer nos braços de alguém, quando se esquece do mundo inteiro que existe lá fora, quando o que se achava saber revela-se ser muito mais, quando a pele transpira uma mistura entre dois perfumes diferentes, quando o corpo se transforma numa sensação quente que se move da cabeça aos pés e quando se sente um peso agradável no peito que podia ser um coração derretido... Quando não há mais nada no ar do que isto, quando duas pessoas se unem num momento assim, ama-se.
E ao senti-lo, ela tremeu num arrepio quente que a fez fechar os olhos para tudo o que existe, até ela mesma. Apertou-o contra si, deu-lhe um beijo nos lábios e um sorriso. Ele retribuíu-lhe os dois e abraçou-a, em silêncio.

E o único desejo que ficou foi o de que aquele momento não chegasse nunca ao fim. E foi essa a promessa que fizeram um ao outro, enquanto partilharam mais um cigarro e um copo de vinho...

(continua)

1 comentário:

  1. Anónimo9.11.10

    Bem consegues fazer corar qualquer um com a sensualidade das palavras, parabnes pela capacidade literaria :)

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