4.10.10

As últimas palavras que eu te diria...

Encontrei um texto que me escreveste há uns tempos atrás. Enviaste-mo por mail. E logo aquele texto, que devia ter sido dito, conversado, falado numa boa. No mínimo pegavas no telefone! Mas isso de ser frontal, honesto, directo, não é para todos pelos vistos.
Respondi-te ao mail com uma sinceridade e abertura que para poucos disponho. E até as dúvidas com que fiquei na altura, partilhei contigo. Mas tu nunca me respondeste a elas. Fizeste o que tinhas a fazer, disseste o pouco que soubeste dizer, e viraste as costas.
Sempre te disse que era tudo "numa boa". E era, e foi. Pelo menos para mim. O que nunca esperei foi a forma como encerraste as coisas. Isso não consegui levar na boa. Deixaste-me com perguntas e dúvidas, deixaste-me a sentir como se eu tivesse feito algo de errado, deixaste-me pendurada quando te falei do que pensava e sentia e, pior de tudo, foste muito arrogante e infantil.
Surpreendeste-me, é um facto, mas de uma forma muito baixa.
E que nada mais houvesse para nós também era para mim "uma boa". Olhando para trás, apercebo-me de que muito provavelmente pensavas saber o que eu queria, mas não sabias. Para falar a verdade, nunca esperei ou quis nada. Nunca planeei ou pensei no futuro. Entreguei-me ao momento e mais nada.
Mas houve algo que senti de verdade, e que vi no futuro. Algo em que acreditei e que desejei ver intocável, no matter what. Uma amizade.
A amizade que eu pensei existir - entre tu e eu.
A nossa forma tão oposta de valorisar algo é uma diferença impossível de ignorar.
Mas a ti não ... e viro as costas a tudo, com o apagar do último mail que me enviaste.

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