17.8.10

Perdida entre as páginas de um livro que resolvi reler, encontrei uma carta de 5 páginas escrita com uma letra linda e bem desenhada, diria mesmo perfeita e sem erros... Ao pegar nas folhas de papel tão bem dobradas e tão bem guardadas ou mesmo escondidas, entre as páginas do livro, soube logo que carta era. Não é incrível o facto de uma carta que foi perfumada há mais de 10 anos atrás ainda cheirar?... A ti... e li.
Li tudo o que me escreveste naquele dia em que não tinhas mesmo mais nada que fazer com o tempo que passavas a contar os dias, e senti. Senti que foram palavras escritas com verdade e sinceridade, mas que infelizmente deitadas ao vento cedo demais. E ao ler-te esqueci-me de tudo o que esse vento forte e tempestuoso nos trouxe, e revivi apenas as tuas palavras daquela altura, daqueles momentos, o eu e o tu daqueles momentos que fez de nós "nós dois". Ao ler-te recordei também as palavras que eu usava para encher folhas e mais folhas de papel para te enviar - cheias de sonhos, amor, paixão e perfume!...
Li-te e lembrei-me apenas do bom, da esperança, do amor que se sente quando não se sabe mais nada da vida... li-te e perdi-me em saudades; não de ti admito, mas saudades de mim - de como eu era e sentia antes de saber mais das coisas do mundo. Que fase maravilhosa!... E não sinto qualquer tipo de arrependimento por teres sido Tu a fazer parte dela, parte de mim, parte de quem eu sou.
Foste a primeira pessoa a quem eu disse a palavra "Amo-te". Foste a primeira por quem o senti de facto e dizê-lo ganhou contigo um sentido novo, sem soar falso ou piroso! "Amo-te"... devo ter-to dito vezes sem conta ao longo dos anos que tivemos juntos... e ainda me lembro do teu olhar quando me ouvias dizê-lo!... Brilho, luz, calor, alegria, paixão, amor, sonhos, esperança...

Hoje já não to diria. Mas para mim mesma digo agora, que tive este momento "eu com a tua carta nas mãos", há um espacinho em mim que vai amar-te sempre.

Ainda não te fui ver como te prometi nos meus pensamentos, nos últimos 2 anos... não por falta de vontade, não por esquecimento, mas por medo... medo de te ver agora, onde estás, transformado em nada mais do que memórias de duas datas separadas por 34 anos de distância... medo que depois de te ver assim seja essa a imagem que me marque, que fique presa na minha cabeça. Prefiro as que tenho agora, pelo menos por hoje.

Beijo! xx


3 comentários:

  1. Ja nao vinha aqui ao teu estamine' 'a algum tempo, mas fico contente que nao tem estado parado, como o meu :) Ferias, orgulho laranja. Que grande espirito que por ca se viveu. E se eles tivessem ganho?? Seria a loucura!

    Ja nao escrevo uma carta de amor, de amizade, ferias, qualquer que seja a sua natureza 'a muitos, muitos anos. E sabes que mais? Apetece-me. Despertou uma vontade esquecida de escrever, de usar caneta para escrever em portugues, sem siglas ou caretas. Vou fazer isso

    Tudo a correr bem ;)

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  2. Pedro, também sinto cada vez mais saudades de cartas. Com o mail, facebooks e afins a comunicação tornou-se mais frequente, mas menos forte, menos real... o conteúdo é tantas vezes NADA... é tão fácil usar mil palavras e não dizer coisa nenhuma, enquanto que pegar numa folha de papel e numa caneta para escrever a alguém requer outro tipo de pensamento/ sentimento/ dedicação. É isso que torna uma carta tão especial, é disso que sinto saudades. Confesso que não há muito tempo atrás escrevi uma a alguém, porque queria dizer coisas que achei que deviam ser escritas com a minha letra e não com o teclado do pc. Recebi uma resposta - por sms "obgd pla carta foi d+.bjka"... AAAAUUUU - atirem-me um balde de água fria à cara se faz favor, tinha doído menos... ahahahah ;)
    Ainda bem que está tudo a correr bem contigo, e já vi que estás em fase de mudança e transição, o que é sempre excitante! :) Toda a sorte do mundo, e não desapareças tá?
    Beijos xx

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  3. "obgd pla carta foi d+.bjka". Certamente uma amiga para a "vida" :-)
    Ontem comecei a escrever o rascunho de uma carta, mas a inspiração perdeu-se a caminho de casa. Mas estou empenhado, até já comprei os selos para envios internacionais.
    De transicções começo eu a ficar cansado, já foram bastantes mudanças, muitos recomeçar, adaptações e certamente muito crescimento. Faz parte e dá crosta...mas já chega. Optei por uma modo mais slow-down agora, e vou para Portugal com a caixa toráxica cheia de ar. Vou ficar em stand-bye no mundo virtual, manter um blog requer dedicação, e sendo eu um gajo ligado às IT's, estar frente ao computador no tempo livre começa a ser "dose".

    Mais 2 semanas no country-side holandês e depois...the world is the limit as long it is in Portugal!

    Mas vou mantendo um olho por este estaminé PiXie. Don't stop!

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