6.12.12


Á porta da estação central de comboios em Amesterdão existe um homem que diz ser Jesus. Toda a gente sabe que não é verdade, isto é Amesterdão, mas toda a gente parece aceitá-lo como sendo Jesus. Estamos na Holanda e ele é o único Jesus que se pode arranjar por estes lados!
Em dias de chuva ou de sol lá está ele de pé - reza em voz alta, grita que Jesus é o caminho e prega que a fé em Jesus é a resposta para todas as coisas.Fá-lo com uma convicção tão forte que às vezes até sinto um pouco de inveja. Ali está alguém que acredita de verdade em algo. Neste caso, nele próprio. Jesus.
Gostava de saber o que isso é. Não era preciso ser em Jesus, para ser franca não tenho nada com isso, mas apenas o acreditar tão piamente em algo que me fizesse conseguir expôr-me na rua a gritar em voz alta para todos ouvirem as minhas convicções.
Não tive uma educação católica e lá em casa nunca fomos à missa, mas fui baptizada e mais tarde na escola ainda cheguei a ouvir umas histórias sobre Deus e até o diabo. Quem as contava já não me lembro, secalhar era apenas temas de conversa em horas de recreio, não sei, mas lembro-me que o que se dizia era que Deus era bom e sábio e o diabo era mau. Deus era perfeito... mas eu perguntava-me como é que se pode saber tudo quando se é perfeito? Se se for perfeito há uma sére de coisas na vida que não se vêm, que não se sentem e que não se vivem! Ser perfeito é nunca se bater com a cabeça contra a parede, e não são essas coisas que nos ensinam tanto? O diabo é que é esperto: aprendizagem faz-se caíndo e levantando-se novamente.
Talvez Deus saiba o que é melhor para as pessoas, mas o diabo sabe o que é que as pessoas querem. É mais realista, mais honesto.
De um lado Deus, do outro o diabo. A verdade está no meio, cabe a cada um enclinar-se mais para um lado ou para o outro, o simplesmente deixar-se ficar no meio. Cada um sabe de si. De si e de mais ninguém, não há nada pior do que aqueles que tentam impingir o que acreditam aos outros. Conversar, debater, trocar ideias acho aceitável, mas se me tentam impingir cenas saiam-me da frente!
Quando estive em New York havia uma bíblia na mesa de cabeceira do quarto. E há pessoas que já leram a bíblia do princípio ao fim e, não só, volta e meia lá lêem mais umas passagens da bíblia para força e esperança. Eu não tenho disso. Leio de tudo, mas não tenho um livro específico que leia volta e meia para apoio moral. Nunca li a bíblia, nem nunca estive quase. Não sei porquê, não me atrai... ah, mas li uma vez um thriller muito bom chamado Satanás! (já que estou a falar de livros...)
Não tenho nada contra Deus, nem sequer o conheço! Mas se existir mesmo um bem maior que todas as coisas, então faz sentido que exista o oposto, ou não?

Já agora, eu não acredito em Deus. Mas acredito no bem. O diabo já é outra história, esse anda por aí de certeza! E se por acaso eles existirem mesmo os dois, não tenho dúvidas de que um anda a dormir e o outro anda de olhos bem abertos.

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