12.12.10

                                  
                         
I Wish, Sjako

10.11.10

Distance Makes the Heart Grow VI

                            
Tinham passado 3 meses desde que haviam passado 5 dias juntos, numa cidade distante. A distância difícil que veio com a despedida no aeroporto era inevitavel e ambos começavam a sentir-se frustrados com a separação que parecia não ter fim á vista. No entanto, continuaram a lutar diáriamente como podiam para não deixar de acreditar, para não deixar de amar, para darem segurança, conforto e esperança um ao outro. Pelo menos até há 3 dias atrás.

Era o começo de Maio. Onde ela vivia notavam-se os primeiros sinais da primavera, algo que adorava! O cheiro do ar era outro, as árvores e os campos renasciam depois de um longo inverno, o sol ocupava o céu azul e as temperaturas subiam ligeiramente. Tempo de mudança, de (re)começo! Enquanto tirava um café na cozinha, olhou pela janela e perdeu-se nos pensamentos- tão cheios de dúvidas.
Há três dias que ele não telefonava, não escrevia, não enviava nenhuma mensagem... ela já tinha tentado ligar-lhe algumas vezes, mas as chamadas nunca foram atendidas. Começava a ficar insegura, sem perceber o que se estava a passar e, o pior que sentia, era uma preocupação enorme. Estaria ele bem? Não conseguia acreditar que ele se afastasse e calasse desta forma, a não ser que se tivesse passado qualquer coisa...
O que mais a deixava ansiosa era o sentir-se responsável por isso. Sentia-se impotente, sem saber com quem falar que lhe podesse dar notícias dele e, de café nas mãos, tentou não começar a chorar. Recordou a noite em que se encontraram meses antes, o momento em que ele chegou ao pé dela pela primeira vez, e a música que ele pusera a tocar no rádio do carro e que tanto a tranquilizara. Sentia agora uma falta enorme desse apoio que ele sempre lhe dava- fosse com uma música, com um gesto, um simples olhar, e mesmo as palavras certas nos momentos certos. Sentia-se sózinha e cheia de questões por responder. E queria tanto que ele não continuasse afastado, que lhe desse a ela também a oportunidade de justificar os motivos pelos quais lhe custara tanto tempo a dizer-lhe a verdade...
Anos antes, ganhara um segredo. Um que só havia partilhado com 5 pessoas. Um que se habituara a carregar, tão bem guardado, que ao ver-se numa situação de o dever partilhar não consegiu. Foi fraca, cobarde, e não encontrava nenhuma desculpa rasoavel para o ter feito. Mas fez. E fê-lo com consciência de que o dia em que finalmente lhe diria a verdade iria chegar e não havia como fugir dele.

A muitos quilómetros de distância, o dia começara chuvoso. A côr do céu sugeria no entanto que o tempo ía melhorar, por isso ele saíu sem casaco. Entrou no seu carro, estacionado á porta do seu prédio, e meteu-se a caminho do trabalho. Estava com pressa para lá chegar, simplesmente pelo facto de não ter tido tempo para beber café em casa e por saber que no escritório havia sempre café pronto pela manhã. Entre o trânsito da cidade, filas matinais e sinais vermelhos, com o rádio do carro ligado e um cigarro entre os dedos, não pensou em nada. Nem sequer imaginou que naquele exacto momento ela se sentava em frente a uma janela, com um café nas mãos, a pensar nele e a perguntar-se onde ele estaria...
Uns dias antes ela contara-lhe algo que criara este silêncio e afastamento da parte dele. Embora o tivesse feito com cuidado e com consideração, a verdade é que fê-lo tarde demais e ambos sabiam-no. Ela não estava a conseguir desculpar-se por isso, e o afastamento dele era a prova de que tinha errado. Ao volante do seu carro, sentia-se quase adormecido sentimentalmente. Estava confuso, magoado e não sabia como ía lidar com a situação em que se encontrava. Neste momento, nem sequer já sabia o que queria. Precisava de um tempo para pensar e assimilar o que tinha aprendido uns dias antes, e era o silêncio e o afastamento para com ela que o íam ajudar a fazê-lo.

Deixou a chávena de café ainda meio-cheia no lava-loiças e dirigiu-se para o banho. E foi debaixo de um duche de água bem quente que ela conseguiu fechar os olhos e largar as lágrimas que segurava há 3 dias. No rádio tocava uma música que conhecia, e cantou baixinho...
" I know it makes no sense but what else can i do
How can i move on when i'm still in love with you"...

(continua)

9.11.10

Distance Makes the Heart Grow V

                        
Breathless, Cat Power
Tinham passado 5 dias. A manhã acordou com um sol brilhante que aqueceu as ruas da cidade, fazendo o frio dos últimos dias caír em esquecimento. O apartamento estava silencioso e, apesar do sol que entrava pela janelas da sala iluminando o chão de madeira e as paredes em tom de pérola, sentia-se fria e vazia... Vazia era agora a casa onde passara 5 dias inesquecíveis, pensou- e o seu peito estava tão vazio, que pesava. Nada mais sentia que isso, e sentir algo menos naquele momento teria sido impossível.

Acordara horas antes, quando ele se levantou ao som do despertador programado no seu telemóvel para as 6 horas da manhã. Acordaram ao lado um do outro, como acontecera nas manhãs que antecediam este momento, mas acordaram em silêncio. Um silêncio muito diferente daquele que haviam já partilhado. Um silêncio sem expectativa, sem sedução, sem mensagem. Apenas silêncio.
Como partiam os dois nesse dia, embora que em horários e vôos diferentes devido ao facto dos destinos de regresso não coincidirem, levantaram-se e de uma forma quase mecânica, começaram a arrumar roupas, livros, objectos pessoais, cada um a fazer a sua mala - em silêncio.
Ele olhou-a no momento em que ela se virara para o roupeiro para de lá tirar as suas roupas, e lembrou-se do vestido que ela agora segurava perto da mala de viagem, e que vestira na noite anterior ao jantar. Ele achava-a sempre bonita e gostava do facto dela ser descontraída e de gostar de vestir calças de ganga e ténis, não usar maquilhagem ou muito pouca. Era a beleza natural dela que o atraía mais. A verdade é que a achava extremamente sensual e feminina, mas depois de a ter visto com aquele vestido comprido na noite anterior, aberto nas costas até um pouco abaixo da cintura, viu uma elegância e maturidade de espírito que o deixou sem fala. Sabia que ela possuía essa qualidade, mas ao vê-la chegar à sala de estar, onde ele esperava há uns 15 minutos dizendo algumas vezes: "Reservei mesa para as 8 horas!" numa delicada chamada de atenção para o facto de ela se estar a demorar, ao vê-la aproximar-se dele lentamente e perguntar-lhe: "O que achas?" voltando-se de costas para ele numa lenta piroeta provocadora, acentuando os pontos fortes do vestido. Ele expirou ao ver o vestido por trás, que exibia as costas despidas dela e as curvas naturais da cintura e ancas. Levantou-se, dirigiu-se a ela em passos largos e beijou-a.
"Vamos ficar antes aqui? Eu desmarco a mesa...? O que te parece?"- sugeriu ele, com um olhar desafiador.

E enquanto ela se movia de um lado para o outro do apartamento, a fazer a mala e a procurar coisas das quais se pudesse ter esquecido em qualquer uma das divisões, ele voltou a deixar-se perder na recordação da noite anterior, como fizera momentos antes ao vê-la guardar aquele vestido lindo na mala, que horas antes ele despira do corpo dela...

Era a última noite deles naquela cidade e ele insistiu, mais uma vez, para fazer o jantar. Dirigiu-se para a cozinha para preparar um algo ligeiro para os dois, enquanto ela descalçou os sapatos de salto para se sentar com os pés em cima do sofá. Apesar dos planos se terem alterado e terem decidido ficar em casa, ela deixou-se ficar - mesmo que descalça, de vestido. Antes de se sentar, colocou um vinyl no gira-discos e abriu uma garrafa de Pinot Noir para os dois. Deixou-se ficar sentada, a ouvir a música que tocava misturar-se com os sons de pratos e utensílos vindos da cozinha, e o assobio constante no ar que ele emitia sempre que estava na cozinha a preparar algo, fosse uma refeição de três pratos, ou uma torrada com manteiga. Ele gostava de cozinhar como tantas vezes lho dissera em conversas, mas foi ao vê-lo na cozinha nos passados dias que se convencera de facto que era uma paixão dele. "5 minutos!"- chamou ele da cozinha. Ela acendeu umas velas por cima da mesa pequena da sala, junto ao sofá, e jantaram ali os dois -sentados no chão, encostados ao sofá, e com os pratos ao colo. Jantaram, conversaram, riram, beberam mais um vinho, dois whiskys a seguir ao café, e quando ele acendeu um cigarro colocando um braço por cima dos ombros dela, num gesto que ela reconheceu como sendo "vamos fumar o cigarro juntos", ele perguntou-lhe: "Também estás tão triste como eu?". Olhou-a numa expectativa comovente, de quem passara as últimas duas horas a segurar aquela pergunta, sem coragem para tocar no assunto. Em resposta, ela tirou-lhe o cigarro de entre os dedos, colocou-o no cinzeiro e pôs os braços dele á volta do seu corpo. Deixou-se ficar encostada ao peito dele, sentindo-se abraçada e protegida, e por momentos acreditou que nada a fosse magoar. Olhou-o nos olhos e não foi capaz de dizer nada. Não precisava, ele via agora a tristeza dela, que chorava encostada ao seu ombro. Deixaram-se ficar assim por uns momentos, agarrados um ao outro com aquela força que só quem está prestes a ser separado usa. Ouviram-se, limparam as lágrimas um do outro, beijaram-se e voltaram a rir ao recordar os dias que passaram juntos e como tudo começara uns meses antes. Declararam e afirmaram com as letras todas o que sentiam um pelo outro e prometeram voltar a encontrar-se muito em breve, com a intenção desse vír a ser um encontro de tempo indefinido.
Fizeram amor no chão da sala, durante horas,  com uma paixão como se não houvesse dia de ámanhã.

"Não te esqueças daqueles sapatos"- disse-lhe ela, apontando para um par de ténis dele que ainda estavam dentro do roupeiro. Ele agitou os pensamentos da noite anterior para fora da sua cabeça e pegou no ténis para os arrumar na mala.
Uma hora mais tarde chegavam ao aeroporto de taxi. A tensão foi aumentando com passar dos minutos, e depois de uma curta espera para que ele fizesse o check-in, olharam-se e despediram-se em silêncio. Beijaram-se, sorriram de alegria um para o outro e já não foi preciso dizer nada. Tinham dito já tudo um ao outro que havia para dizer.
Mais tarde quando ela se encontrava novamente no apartamento agora vazio e grande demais só para ela, a fazer horas até ter que ír para o aeroporto outra vez nessa noite, olhou para o espaço vazio que ainda horas antes ele ocupara. E sentiu uma tristeza enorme ao olhar para o lugar onde se tinham sentado juntos nos dias que passaram, o lugar no chão ao lado do sofá onde jantavam e conversavam durante horas, todos os cantinhos da casa onde tinham feito amor... 
Resolveu ír esperar as próximas horas para o aeroporto. Estar ali sózinha na casa onde passara os últimos dias com ele, estava a ser difícil demais.

Acordou umas horas mais tarde com o som e batida das rodas do avião na aterragem. Torceu o nariz para si mesma quando os passageiros soltaram um aplauso, coisa que ela nunca achou necessário fazer. Lá fora chovia e estava um dia cinzento e ventoso. Um motorista de taxi ajudou-a a colocar a mala no porta-bagagens e perguntou para onde ía. Deu-lhe a morada de sua casa, e deixou-se encostar no banco traseiro do carro, de olhos fechados. Agora só queria chegar a casa, tomar um banho quente, comer qualquer coisa e ligar-lhe a dizer que tinha feito boa viagem. Perguntava-se como ele estaria. Sabia que ele tinha feito boa viagem pois recebera um sms umas horas antes, mas precisava de ouvir a voz dele.

Deviam ser umas 22.30 quando se sentou tranquila no seu sofá, a fumar um cigarro e a beber um Cardhu sem gelo de um pequeno copo de balão, pegou no telefone e marcou o número dele. "Estou?"- sentiu um calor no peito ao ouvir a voz dele do outro lado e sorriu de alegria quando ele, sem que ela tivesse tido tempo para falar, perguntou se era ela!...

(continua)

Distance Makes the Heart Grow IV

Burn, Jonneine Zapata
Se ela tivesse tentado pôr por palavras, adjectivos, verbos, frases, tudo o que aconteceu desde aquele beijo que ele lhe roubara há momentos atrás até ao final da noite, não conseguiria nunca. E sabia-o. E o facto de o saber e de sentir uma intensidade brutal que os unia como nunca tinha sentido antes, fê-la não querer pensar em nada. Apenas o estar ali com ele, o ser dele, a completava.
As velas já queimavam há umas horas e algumas começavam a apagar-se, deixando um cheiro a cera e a pavio queimado no ar, o que oferecia uma combinação perfeita com a temperatura da casa, a música no gira-discos, o aroma do vinho tinto e o fumo de todos os cigarros que haviam fumado juntos. Embora fumassem marcas diferentes de tabaco, sempre que acenderam um cigarro, partilharam-no e fumaram-no a dois. Um gesto natural, como se o fizessem há anos!
Ele puxou-a para mais perto de si pela cintura e beijou-a novamente, desta vez com uma determinação maior à qual ela não argumentou. Limitou-se a deixar os seus braços caídos e inclinar ligeiramente o pescoço para trás, num sinal de entrega completa.
Quando não se ouve mais nada para além do bater do coração dentro do peito e a própria respiração, quando não se consegue pensar por tanto se sentir ao mesmo tempo, quando se sente tão vulnerável de prazer nos braços de alguém, quando se esquece do mundo inteiro que existe lá fora, quando o que se achava saber revela-se ser muito mais, quando a pele transpira uma mistura entre dois perfumes diferentes, quando o corpo se transforma numa sensação quente que se move da cabeça aos pés e quando se sente um peso agradável no peito que podia ser um coração derretido... Quando não há mais nada no ar do que isto, quando duas pessoas se unem num momento assim, ama-se.
E ao senti-lo, ela tremeu num arrepio quente que a fez fechar os olhos para tudo o que existe, até ela mesma. Apertou-o contra si, deu-lhe um beijo nos lábios e um sorriso. Ele retribuíu-lhe os dois e abraçou-a, em silêncio.

E o único desejo que ficou foi o de que aquele momento não chegasse nunca ao fim. E foi essa a promessa que fizeram um ao outro, enquanto partilharam mais um cigarro e um copo de vinho...

(continua)

Distance Makes the Heart Grow III

  
Proof, i am Kloot
Quando entraram dentro do apartamento dirigiram-se automaticamente para a sala, onde sofás modernos e óbviamente confortaveis constratavam com peças antigas de mobiliário. Ela olhou todo o espaço em volta com o fascínio e beleza que sempre viu em design e arquitectura. E sentiu-se em casa, o que foi um alívio para ele ao perceber que ela estava satisfeita com a escolha.
Decidiram mutamente, sem sequer o terem que dizer, sentar-se no sofá da sala, a beber um vinho tinto e a conversar. Foi uma conversa tranquila, muito como tantas outras conversas que já tinham tido - sem obrigações nem pressões, em que se fala de tudo com uma naturalidade única.
Acho que houve um ou outro momento em que provavelmente se tivessem os dois apercebido de que, desta vez, estavam cara-a-cara e que a ideia era não só boa, mas assustadora ao mesmo tempo. Este era o momento que tinham planeado. O dia estava aqui. Era agora.
Felizmente para ambos, o prazer da companhia um do outro eliminou quaisquer inseguranças que se podessem ter metido no caminho. E, perdidos nos olhos um do outro, na voz, em todos os gestos e maneiras que antes deste momento eram só imaginadas, beberam juntos a garrafa de vinho e perderam a noção de espaço e tempo.
Tiveram conversas que já tinham tido antes, partilharam coisas novas, ficaram a saber o que ainda havia para saber um do outro mas que ambos tinham esperado por este momento para falar, e depois de alguns silêncios difíceis e esclarecimentos, perceberam de que estavam bem um com o outro.
Ela hesitou, no entanto, a certa altura dizendo "Secalhar não devia estar aqui...", frase que ele interrompeu ao dar-lhe um beijo apaixonado roubando-lhe todos os últimos pedacinhos de medo que ela ainda sentia.

(continua)


Distance Makes the Heart Grow II

                           
Wait, The kills

Já tinha anoitecido e as luzes da cidade iluminavam a rua onde ela esperava. A chuva tinha parado há algumas horas, mas as pedras do passeio ainda estavam molhadas e frias. Estava um noite típica de Janeiro, de temperaturas baixas e nevoeiro no ar. Nunca gostara de frio, mas naquele momento, enquanto o esperava, apercebeu-se de que nem o sentia e que até estava a apreciar sentir o cheiro da chuva no ar e ver o nevoeiro a abraçar as sombras da rua.
Estava nervosa e ansiosa por aquele momento tão esperado, mas sentia-se bem disposta. Viu que ainda faltavam uns 5 minutos para a hora que tinham combinado e acendeu um cigarro. Sempre achou interessante como, em momentos de espera, um cigarro é uma óptima companhia! E foi. Enquanto fumou deixou de se sentir agitada e conseguiu não pensar em nada. Pôs todas as ansiedades, medos, dúvidas e expectativas de lado e apenas ficou presente, à espera dele - de corpo e alma.
Foram uns 4 minutos mais tarde que um carro preto de vidros escuros encostou junto ao passeio onde ela ainda fumava o cigarro. Uma porta abriu-se e saíu de dentro do carro um homem moreno, alto, de rosto sério e postura misteriosa. Dirigiu-se a ela sem dizer nada, abraçou-a e deu-lhe um beijo suave nos lábios. Depois olhou-a, sorriu e disse apenas "Finalmente!", ao que ela respondeu com um beijo tímido.
"Anda, vamos saír daqui."- sugeriu ele.
Com um braço á volta dos ombros dela dirigiu-a ao carro, esperou que ela se sentasse no banco ao lado do condutor e fechou cuidadosamente a porta atrás dela. Sentou-se ao volante e ligou o carro, mas não antes de a ter olhado com um sorriso que a preencheu, mas que podia ter tido muitos significados...
Dentro do carro criou-se um silêncio absoluto que tanto a assusta, mas que ele por sabê-lo, preencheu ao ligar o rádio e escolher uma música que sabia que ela gostava.
"Adoro esta música!" - disse ela, sabendo no entanto que ele já o sabia e que a escolha não tinha sido ao acaso. Mas foi só o que conseguiu dizer. Depois recostou-se na cadeira do carro e deixou-se levar, fosse para onde fosse, ao som da música que agora lhe trazia a calma que queria ter para este momento, com os olhos postos para lá da janela do carro, nas ruas daquela cidade mágica e os pensamentos perdidos...
(Meses depois deste exacto momento, ela recordou aquela noite e o momento em que um homem que um dia conhecera, era tão especial que escolhera uma música para lhe oferecer calma...)
Não mais do que uns 15 minutos depois, ele estacionou o carro á porta de um prédio antigo, lindo de morrer, e disse-lhe "Chegámos!". De seguida apressou-se a abrir a porta para ela saír, gesto ao que ela agradeceu com um sorriso trocista. Gostava de boa educação e apreciava estes gestos, no entanto sempre com um pequeno desconforto que nunca tinha conseguido decifrar.
Enquanto ficaram ali uns curtos momentos, a olhar a fachada Art Deco do prédio à frente do qual haviam estacionado o carro, ele falou baixinho no ouvido dela. As palavras fizeram-na sorrir feliz, de orelha a orelha.
Foi nesse momento que ela sentiu, verdadeiramente pela primeira vez, que tinha feito a escolha certa.
(Meses mais tarde ela viria a recordar também esse momento, por motivos que agora - de mãos dadas com ele a admirar a fachada do prédio que ía ser a sua morada durante os próximos dias, lhe eram impossíveis sequer imaginar.)

(continua)

Distance Makes the Heart Grow

                       
Forbidden Colors, Ryuichi Sakamoto
Foi num dia normal e tão igual a tantos outros que ela recebeu uma mensagem dele. Foi uma mensagem que a intrigou, claro, já que esse era o objectivo. Respondeu à mensagem, sem nada pensar ou esperar, senão com uma intenção simples e pura de mostrar apreço pelas palavras que lhe tinham sido cuidadosamente dirigidas. Todas as pessoas gostam de receber elogios, diz-se. Ela, no entanto, não sabia lidar bem com eles, a não ser se fossem dados de uma forma quase indirecta, subtil, discreta e sem aquela vaidade de ego que tantas vezes é transmitida por quem elogia outros. Há pessoas que elogiam para se sentirem melhor consigo próprias, esquecendo-se do verdadeiro significado do gesto. Mas aquele elogio, transmitido discretamente nas palavras de uma mensagem, fora diferente. De uma forma que ela não entendeu logo de imediato, de uma forma que ela ainda tenta entender hoje.
Com o passar do tempo - inacreditavelmente curto, de uma mensagem passou-se a muitas conversas, a muitas partilhas, a muitas horas "juntos". Descobertas, interesses, curiosidades, risos, silêncios - alguns deliciosos, outros mais rígidos, palavras e músicas, são apenas algumas das coisas que partilharam um com o outro durante uns tempos. E parecia que quanto mais partilhavam, quanto mais sabiam um do outro, maior era a vontade de se conhecerem melhor, de se entenderem, de saber mais e mais um do outro. Inevitavelmente, maior foi ficando a vontade de se verem. De descobrir se, na presença um do outro, tudo de mágico que parecia estar a acontecer e estarem a sentir ficaria intacto...
E, num dia que pareceu ter chegado depressa demais e ter demorado muito a chegar ao mesmo tempo, encontraram-se. Numa cidade que talvez nem fosse para nenhum dos dois a primeira escolha, mas tinha sido ali que tinham dito um dia virem a conhecer-se e há planos que não se querem alterar ou interromper, quase que por medo que dê errado.

(continua)

8.11.10

Chega

Chega de coisas que não posso mudar, de palavras sem sentido.
Chega de acções enganosas, de olhares premeditados, de gestos forçados.
Chega de pensar no que não existe e no que poderia ser.
Chega de sentir falta do que não tenho.
Chega de procurar o desconhecido, chega de correr riscos.
Chega! De tudo o que nada vale nem faz sentido - chega!

E tu, chega-te para perto de mim, devagarinho e ajuda-me a esquecer o resto... isso sim, chega-me.

5.11.10

                    
                             
Lost, Coldplay

Não sinto saudades de estar contigo. Não sinto saudades de ouvir a tua voz.
Não sinto falta de olhar-te nos olhos e de me perder
no brilho que eles escondem.
Não tenho saudades de te tocar ou abraçar,
e de sentir o cheiro do teu pescoço ao fazê-lo.
Não tenho saudades de te segurar na mão e brincar com os teus dedos.
Não tenho saudades de cada linha e ruga do teu rosto.
Não tenho saudades Tuas.
Sinto é uma falta imensa do conforto que era saber
que ainda És, Estás, Vives.
A única certeza que agora tenho é a de que,
não importa as saudades ou a vontade que possa sentir,
vou ter que viver com a tua ausência, o teu silêncio, os teus olhos fechados.
Para sempre.

Não muito diferente do que foi, um dia.
Só que agora não há possibilidade nenhuma de mudança...
E hoje, choro por Ti...
Beijo

1.11.10

Desafio

Uma amiga enviou-me o seguinte desafio: 5 factos sobre mim, 10 coisas que eu gosto, 5 coisas sem as quais não vivo e 10 coisas que detesto. Aqui vai:

* 5 factos sobre mim:
- Emociono-me mais facilmente com animais do que com pessoas
- Tirei o curso de Psicologia
- Sou teimosa
- Gosto de começar projectos novos (que nem sempre termino!)
- Sempre desejei ser mais alta

* 10 coisas que eu gosto:
- Viajar
- Fotografia
- Andar a cavalo
- Ler
- Humor negro
- Animais
- Pessoas verdadeiras
- Chocolate
- Coca-Cola
- de Ti ;)

* Não vivo sem:
- minha Família e Amigos
- meus Cães
- meus Sonhos
- Música
- Aventura/ adrenalina/ experiências novas

* 10 coisas que detesto:
- hipocrisia
- violência contra animais
- traição
- egoísmo
- falta de espaço/ liberdade
- ser colocada no centro das atenções
- mentiras/ rodeios
- materialismo/ superficialidades/ vaidades
- pessoas que "falam" de assuntos sérios por sms
- o facto de o tempo voar, cada vez mais depressa

Pensamentos alheios #3

"So many people live within unhappy circumstances and yet will not take the initiative to change their situation because they are conditioned to a life of security, conformity, and conservatism, all of which may appear to give one peace of mind, but in reality nothing is more dangerous to the adventurous spirit within a man than a secure future. The very basic core of a man's living spirit is his passion for adventure. The joy of life comes from our encounters with new experiences, and hence there is no greater joy than to have an endlessly changing horizon, for each day to have a new and different sun."

Chris McCandless



31.10.10


One day i'll go back to the street
where i first met you...

2000 - 2010

Passei os últimos 3 dias nas nuvens!
Para celebrar o facto de estar a viver na Holanda há 10 anos resolvi fazer uma festa!
Passei o fim-de-semana fora, mas antes de ír a magia aconteceu aqui em casa...
Começou com um jantar para os amigos mais chegados. O objectivo era eu surpreendê-los com um jantar delicioso e uma noite harmoniosa e inesquecível entre amigos. Acho que o fiz, mas a verdade é que foram eles a surpreender-me a mim. E de que maneira!
Jantámos, conversámos, ouvimos música... o habitual. Mas a dada altura aconteceu algo que me deixou a tremer, de lágrimas nos olhos e com um calor no peito delicioso. Levantaram-se, um a um, para ler algo que tinham escrito sobre mim, a "amiga portuguesa" como me chamam... E disseram, cada um à sua maneira tão especial, o que significou para eles terem-me conhecido há 10 anos atrás quando cheguei à Holanda e como tem sido terem-me nas suas vidas.
Não estava à espera e, embora achasse saber tudo o que os meus amigos pensam de mim e sentem por mim, ouvi coisas que me tocaram de uma forma muito profunda e que até me fizeram olhar para mim mesma de outra maneira. E, entre lágrimas comovidas, sorri. De uma forma que já não fazia há uns meses...
Lembrei-me de quem sou. Andava esquecida, mas voltei a vê-lo. E ainda bem que não me "ausentei" durante muito tempo! E vou tentar não me esquecer porque andei em baixo e triste, para que não volte a acontecer - para que tu não me deixes assim outra vez.

28.10.10

DiA DE FESTA!


Just Like Heaven, The Cure

CHEGUEi À HOLANDA HÁ 10 ANOS ATRÁS
E VOU ENCHER A CASA DE BALÕES!!!

27.10.10

                         

                                
Black Balloon, The Kills

CitY WoRdS #5

A maior distância entre Nós és Tu

* palavras passadas que explicam o agora... *

Cada vez mais tenho a sensação de que as pessoas não falam. Nem umas com as outras, nem muito provavelmente consigo mesmas. Parece que quanto maior e mais exagerado é o nosso acesso e uso de sistemas de comunicação, limitamos o que temos a dizer a curtos mails, a sms's abreviados, e quando se está junto só se fala de nada. Sinto falta de conteúdo, de fundamento, da base para uma conversa com princípio, meio e fim. Estou farta de diálogos do nada, como lhes chamo, em que há um princípio e algures ao chegar ao meio as palavras perdem-se, ninguém se ouve e cada um só está preocupado consigo mesmo, com o que quer dizer e ouvir.
Estou cansada de conversas que ficam em aberto, que não levam a lugar nenhum e de pessoas que têm medo de conversar de uma forma franca, profunda, complexa e séria. Se eu quisesse ouvir merdinhas e disparates, ou pura e simplesmente apenas aquilo que me satisfaz, comprava um papagaio. Não tenho nada contra papagaios, gosto de animais. São as pessoas que me incomodam, principalmente aquelas que me lembram de animais. Por exemplo, conheço muitos papagaios - falam, falam, falam e não dizem nada, só por gostarem de se ouvir a si mesmos.

Se os egos e as vaidades matassem...


Nos últimos tempos tenho aprendido muito sobre pessoas que tinha na minha vida e que achava serem muito viradas para si mesmas, e o mesmo sobre pessoas que achava serem mais low profile. Hmm... é curioso como o andar do tempo e o mudar das coisas nos muda também a nós.
Mas uma vez vendo as coisas de verdade, como se vai fechar os olhos? Nem tento! Tenho pavor a cegueira... parece que coisas especiais aparecem de lugares inesperados e onde esperávamos algo... somos deixados pendurados, até o ego de outra pessoa (aquela pessoa que achavamos estar sempre presente) ter vontade de vir até nós e quando lhe bem apetecer.


F###-##!!!


Quando é que o egoísmo te levou para longe? Ou será que foi sempre assim e era eu que não via o que não queria ver?
Fala comigo - da forma certa. Conversar é falar e ouvir, é receber e dar. Estou farta de ruas com um sentido, começam a ficar pequenas e estreitas demais para tanta gente.
Princípio, meio e fim.
Ainda bem que vivo num país onde as pessoas ainda sabem como é que se deve ter uma conversa e como é que se deve ser amigo. E ainda bem que tenho esses valores em mim, e que quer seja para onde eu vá, isso ninguém me tira!

Sou amiga. Mas sabem de quem, em primeiro lugar? De mim mesma. E se tiver que te esquecer para que não tenhas espaço para me magoares outra vez, é isso que farei. E já estava quase... até apareceres outra vez, inesperadamente, para me fazeres sentir perdida.
Ou a verdade é outra do que parece ser, ou a tua capacidade para comunicar é mais pobre do que eu pensava. Uma ou outra, nem me interessa. Eu fico por aqui, pois a "próxima palavra" não devia saír da minha boca. Eu não tenho que te provar mais nada, nem tão pouco me irei esforçar pela tua atenção.
Luta, fala, aproxima-te. Ou cála-te e foge de vez. A escolha é tua (sortudo!).

Se não sabes como tentar conquistar a minha confiança outra vez, então não é importante para ti. Isso, ou não tens força suficiente para mim. Seja qual das duas fôr, aproveita - pois como já disse tens sorte. Se eu podesse escolher, também teria poder de decisão, mas aparentemente roubaste-mo... juntamente com tantas outras coisas.

26.10.10

Blinded By You


 

Metal Heart, Cat Power

Losing the star without a sky
Losing the reasons why
You're losing the calling that you've been faking
And I'm not kidding
It's damned if you don't and it's damned if you do
Be true 'cause they'll lock you up in a sad sad zoo
Oh hidy hidy hidy what 'cha trying to prove
By hidy hidy hiding you're not worth a thing
Sew your fortunes on a string
And hold them up to light
Blue smoke will take
A very violent flight
And you will be changed
Sand everything
And you will be in a very sad sad zoo
I once was lost but now I'm found was blind
But now I see you
How selfish of you to believe in the meaning of all the bad dreaming
Metal heart you're not hiding
Metal heart you're not worth a thing
Metal heart you're not hiding
Metal heart you're not worth a thing

Há coisas que não entendo.
Coisas que parecem ser algo num momento, e algo diferente noutro. Coisas que me confundem, que me fazem sentir perdida. Mas há coisas que também sei. Coisas que aprendi, que vi, que me fizeram crescer e ver tudo com mais clareza.
E felizmente, as certezas são mais do que as dúvidas que tenho.
Sei de onde venho, onde estive, que caminhos percorri até chegar onde estou. Sei porque o fiz, entendo porque é que tudo aconteceu da forma como aconteceu. Sei onde quero ír, e sei que lá vou chegar. Sei quem sou e acredito em mim.
E enquanto acho que essa é a certeza fundamental que preciso de ter e que mais nada me falta, as dúvidas e incertezas que as coisas à minha volta me transmitem fazem-me sentir tão pequenina... e às vezes, em momentos destes, desejo ser mais egoísta. Para que apenas eu conte e me baste.
Mas não sou, e por isso posso ter, ser, sentir, viver, tudo o que sempre quis e quero...
mas sem Ti a alegria não é a mesma.

Good Girls Go to Heaven, Bad Girls Go to...

It's Gonna Rain, Violent femmes
(a continuação)
Chegámos à Estação Central pouco antes do meio-dia. Tinha começado a chover durante o trajecto de comboio até Amesterdão, mas quando estamos juntas nada realmente importa para além disso mesmo - o estarmos juntas. De mãos dadas, sorriso na cara e corpos à chuva, invadimos a cidade!

Bebemos o café habitual no Cobra, uma tradição que prometemos quebrar cada vez que lá vamos devido aos preços ridículos, mas acabamos por ír lá parar sempre. É da praxe! É como se as paredes daquele café também já fizessem parte das conversas que pomos em dia quando nos juntamos. Trabalho, maridos e filhos para umas, gajos para outras, carros, roupas, sexo, hobbies... não escapa nada. Falamos de tudo - coisas que sabemos, conhecemos e entendemos tão bem; e coisas que só imaginamos ou sonhamos! Verdadeiras amigas, juntas - no mesmo lugar e à mesma hora! Onde só o presente conta, enquanto se fala do passado e se sonha com o futuro.
Como o tempo não quis melhorar acabámos por ficar no Cobra para o almoço, o que também prometemos nunca mais voltar a fazer devido à conta extravagante! Fizemo-lo, no entanto, com uma ironia enorme. Já sabemos que promessas são mais fáceis de quebrar do que cumprir. E a verdade é que ao longo do dia fizémo-lo algumas vezes!

* promessa quebrada #1: comprei um guarda-chuva, o primeiro em 20 anos!... sempre disse que nunca o ía fazer, mas... can you blame me? (digam lá que não querem um igual!?)

* promessa quebrada #2:  entrámos numa sex shop só para rir e gozar com tudo e todos, algo que também tínhamos combinado não fazer mais, desde aquela vez que fomos expulsas de uma pelo empregado nerd (no mau sentido, porque de uma forma geral adoro nerds!), gordo e de óculinhos na cara, há uns meses atrás.

(mas porque é que será que uma sex shop, seja ela qual for tem sempre um ar ridículo, triste, patético, cómico... tudo menos erótico ou atraente!?)

* promessa quebrada #3: entrar num centro comercial... a um sábado à tarde... com chuva! Por esta promessa que as minhas amigas quebraram, mais a de me levarem para lojas, não perdoo ninguém! (Se me quiserem castigar, torturar, deixar de unhas roídas e dores de cabeça esta é a maneira certa.)
Ao fim de 5 minutos a ver sapatos e botas comecei a protestar, a resmungar, a estragar o ambiente para que saíssemos dali o mais rápido possível. Funcionou.


O tempo melhorou durante a tarde e fizemos mais uma paragem da praxe: Vondelpark, onde passámos o resto do dia, a passear, na conversa e risadas... infelizmente para quem não lá esteve, há uma promessa que cumprimos sempre - What happens at the Vondelpark stays at the Vondelpark!
E quebrámos mais umas promessas, fizemos outras novas, rimos, chorámos, partilhámos, falámos de coisas que só falamos umas com as outras, tirámos fotografias sem sentido mas que captam momentos nossos e concluímos que o dia foi precisamente o que era suposto ser. Começou com chuva, terminou com sol antes de anoitecer, e não mudavamos rigorosamente nada - e concluír isso naquele momento, antes de írmos jantar juntas fez o dia valer a pena!

the "monsters" :D

24.10.10

CitY WoRdS #4

 
Before i Sleep, Mazzy star

I don't want to keep your sad
secrets.
Haven't got my own
lies and deceptions.
So don't offer me yours
just because you're to weak
to carry them on your own.
If i decide to live
like that
i'll creat my own stories
my own lies
my own secrets.
If i have to live a mess,
i'll choose one that it's mine!
And untill that day
(that probably won't come anymore)
i choose to be free...
- in life,
with myself,
with all things around me...
Just free!
Of you as well...
my favorite lie...

And i whisper in your ear:Stay, even if your truth is ugly.
But leave, if you're nothing more than a beautiful lie...

18.10.10

E foi assim que te apanhei, de surpresa.
Com uma expressão preocupada no olhar,
um peso enorme sobre os ombros,
o olhar posto no chão que pisas...
O que não me surpreendeu nada!
Irritante é o facto de quando és o pior
que podes e consegues ser,
não perdes o melhor que tens...
Mas com os olhos postos em ti,
a lente depressa viu que o teu melhor é muito pouco.
Pode ser que te leve a vários lugares,
mas nunca te levará longe
- do vazio que há em ti.
E afasto-me da escuridão que agora me transmites,
apercebendo-me de que toda a luz,
energia,
melodia e sonho
que um dia vi em ti, vinha dos meus olhos,
de mim,
do que sou.
E naquela altura, o melhor de ti fui eu.



14.10.10

If Only, Fink

I ain't got the bullshit
I ain't Got The Lies
I ain't got the memories of tears in your eyes

12.10.10

We ain't born typical!

U R A Fever, The Kills
(photo by P.T. - PiXie)
Wait, The Kills
Tudo acontece por um motivo. Cada vez mais acredito nisto.
Não acredito propriamente que as nossas vidas estejam pre-destinadas, sou sonhadora e romântica, mas tenho os pés no chão. O que eu acredito ser verdadeiro é o tempo. O tempo das coisas. O momento certo, exacto, em que tudo acontece. Isso sim, é tão forte e preciso que acho estar fora do nosso poder de controlo. O que fazemos das situações e das coisas que acontecem, isso já é nosso mérito. O saber usar o tempo, tal e qual como ele é, faz parte da aventura da vida.
Com os anos deixei de ser tão impaciente. Lembro-me de ser mais nova e desesperar, enquanto esperava ansiosamente que tudo acontecesse. O "hoje e agora" era sempre tarde demais, e queria tudo para "ontém"! Agora, tudo o que sinto é calma. Acredito mais em mim, acho, e é isso que me dá a calma que preciso para aceitar as coisas como são e esperar (não que me caiam do céu, mas lutando para as atingir!) por aquele momento. O momento certo, exacto, em que tudo acontece.
O momento em que nós, enquanto seres únicos, acontecemos!

It's been a great day, today!!!